Exportações de Armas Alemãs para o Genocídio


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Sumário Caso 01

 

Exportações de Armas Alemãs para o Genocídio:

Utilização de Espingardas

da firma Mauser e Canhões da firma Krupp

no Genocídio contra o Povo Arménio,

cometido pelas Forças Armadas

do Império Otomano (1895 – 1915)

 

 

De Wolfgang Landgraeber pela GN-STAT

 

Com ensaios de

Otfried Nassauer, Bernhard Trauvetter und Helmut Lohrer

 

Resumo dos Acontecimentos

 

Tanto tropas regulares turcas como divisões da chamada «Gendarma» (forças de segurança de tipo policial, comparáveis aos «Carabinieri» na Italia) participaram em quase todas as acções do genocídio sistemático contra mais do que um milhão de arménios, que iniciou em 1915. Além disso, em várias actos de assassínio, intervieram activamente alguns oficiais alemães que prestaram serviço em diversos estados-maiores-generais do exército turco-otomano. Na sua maioria, os agressores estavam armados com espingardas e carabinas da firma Mauser, os oficiais com pistolas da mesma firma – armas produzidas nas fábricas MAUSER, em Oberndorf, na margem do rio Neckar.

 

Centenas de canhões da firma Krupp, produzidos em Essen, também entraram nos confrontos, nomeadamente no saque do Monte Musa Dagh, até então uma zona de refúgio dos Arménios. As armas alemãs de exportação estabeleceram a base material do genocídio, e os oficiais alemães complementaram-na pela base ideológica.

 

Altura histórica:

 

De 1895 a 1916 (ênfase: 1915 e 1916)

Uma das poucas fotografias das deslocações forçadas à violência militar foi feita em Abril de 1915. Mostra um cortejo de arménios deportados de Harput, no caminho para o campo de prisão perto de Mezireh, controlados por soldados turcos com espingardas da Mauser.

 

 

Fornecedores de Armamento

 

Os massacres entre os aménios, decretados pelo Estado e levados a cabo por soldados e policiais turcos, realizaram-se sob pleno conhecimento e aprovação de altos escalões do governo alemão. Oficiais alemães prestaram serviço em diversos estados-maiores generais turcos e comandaram regimentos, divisões e tropas do exército turco que, predominantemente, dispuseram tanto de espingardas e carabinas vindas da fábrica de armadilhas Mauser, em Oberndorf, como de canhões da Krupp, em Essen.

 

Em Fevereiro de 1887, o Ministério de Guerra do Império Otomano e um consórcio de companhias alemãs, constituido pelas empresas Mauser e Ludwig Loewe & Co. KG, assinaram um contrato que agendou o fornecimento de 500.000 espingardas do modelo M/87 e de 50.000 carabinas do mesmo tipo. Antes do fim de 1893, estas armas foram entregues  aos Turcos.

 

No mesmo ano, houve mais uma encomenda: 200.000 carabinas do tipo M/93, cujos carregadores podiam conter até 10 cartuchos. Estas  carabinas entregaram-se antes do fim de 1896. 

Trabalhadores da Mauser

na montagem das peças de espingadras (ca. 1893)


 

No ano de 1903, houve uma terceira encomenda em grande estilo: 200.000 espingardas do tipo mais moderno M/1903. Portanto, no princípio do Século XX, a Turquia dispôs de mais do que 900.000 espingardas e carabinas MAUSER. Mais do que dois terços do exército otomano e dos membros da „Gendarma” paramilitar estavam equipados com armas da Mauser.

 

Os militares otomanos também favorisaram extremamente os canhões vindos da Alemanha. Entre 1861 e 1912, a firma Krupp (Essen) conseguiou meter fora do campo todos os concorrentes franceses, ingleses e americanos. Para obter concessões para a construção de canhões e artilhrias no valor de 226.000.000 Reichsmark, Krupp aproveitou-se das suas  boas relações tanto com o Imperador Prussiano, Guilherme II, como com a corte do Sultão. Pela parte dos turcos, os  canhões Krupp foram utilizados nas Guerras nos Balcãs, a guerra entre a Turquia e a Rússia e na 1ª Guerra Mundial, mas, às centenas, também nos ataques contra os guerrilheiros arménios, que se opuseram às acções de assassinato dos otomanos.

 

 

Fabricantes de Armas

Breve retrato empresarial: A fábrica Mauser, Oberndorf

 (Hoje: Rheinmetall Defence/ Rheinmetall AG)

 

 Resumo

 

A firma Mauser, designada pelo nome dos engenheiros e irmãos Paul e Wilhelm Mauser, era uma das mais antigas e internacionalmente mais conhecidas espingardeiras da Alemanha, nomeadamente de armas militares e civis de pequeno calibre – espingardas, carabinas e pistolas. Já no Século XIX, estas armas foram exportadas para muitas partes du mundo, principalmente para o Médio Oriente e a América Latina. À seguir tanto da 1ª como da 2ª Guerra Mundial e em consequência da proibição à produção de armamento ditado pelas forças aliadas, a firma teve que transformar a produção militar em produção civil – mas não por muito tempo.

 

A partir de 1935, com a tomada do poder pelos Nazis e a chamada „Recuperação da Soberania de Defesa” por Adolf Hitler, a produção de armamento chegou logo e plenamete ao nível anterior. O Mauser  „Mosquetão“ 98K tornou-se a arma convencional do exército alemão (Wehrmacht). Na altura, o número dos operários empregados pela Mauser ultrapassou o número  dos habitantes de Oberndorf – e ainda se adicionaram pelo menos 5.000 trabalhadores em regime forçado, recrutados nos paises ocupados pelo „Wehrmacht” alemão. A capitulação de 1945 levou outra vez ao declíno completo da produção – até 1956, quando se constituiram as Forças Armadas da República Federal da Alemanha (Bundeswehr)  e este exército recém-formado precisava de armas.

 

Em seguida, três ex-engenheiros da Mauser fundaram a firma Heckler & Koch, que criou a espingarda G3 – para o „Bundeswehr” e outros países membros da NATO. A firma Mauser  passou a ser património do grupo de empresas Diehl, sedeada em Nuremberga. No segmento empresarial em Oberndorf produziram-se canhões de bordo para aviões da NATO e canhões navais para a marinha fedaral. Depois da venda do sector de armas civis em 2004, o sector de armas militares vendeu-se ao consórcio Rheinmetall AG, renomeando-se em „Rheinmetall Arma Munição”, uma subsidiária da „Rheinmetall Defence”.

 

Breve retrato empresarial: A Rheinmetall AG, Düsseldorf (Hoje)

De Otfried Nassauer

 

A Fábrica Renânia de Ferragens e de Máqinas AG, fundada em 1889 e hoje conhecido como Rheinmetall AG, começou a sua atividade empresarial como producente de munições e de canhões; actualmente é o  maior consórcio alemão de armamento.

 

Hoje, a Rheinmetall está constituido por dois sectores quase iguais: os sectores de armamento e de automóveis (Defesa/”Defence” e „Automotive”). A sede empresarial encontra-se em Düsseldorf. Trata-se de uma empresa com actividades ao nível mundial; além de 39 localizaões na Alemanha tem 78 localizaões no estrangeiro, em 30 países. Segundo as suas próprias informações, a Rheinmetall mantem participações em 186 firmas e tem clientes em 146 países. 23.726 empregados trabalham pelo consórcio, 11.798 deles na Alemanha e 11.928 no estrangeiro. No sector „Defesa” trabalham 11.232 pessoas, no sector „Automotive” são 12.277 pessoas.

 

Em 2017, o consórcio Rheinmetall conseguiu atingir um volume de vendas de cerca de 5,9 bilhões de Euros (2016: 5,6 bilhões). Cerca de 2,9 bilhões correspondem ao sector „Automotive” (2016: 2,7 bilhões); um pouco mais, precisamente 3 bilhões, correspondem ao sector do armamento - „Defence” (2016: 2,9 bilhões). O resultado operacional do consórcio, portanto o lucro antes dos imostos e dos componentes financeiras e extraordinárias equivalia por volta de 400 milhões de Euros (2016: 353 milhões). Com 6,4 bilhões de Euros nos finais do ano de 2017, o sector „Defence” possuiu uma carteira de encomendas com boas perspectivas de aproveitamento óptimo e de rendibilidade crescente, no futuro.

 

Para o ano de 2018, a gerência prevê um crescimento de vendas líquidas de 12 a 14 %, só no sector de armamento. Já agora, as espectativas a um aumento significante das despesas de investimento militar na Alemanha e noutros países europeus da NATO, em combinação com uma expansão mercantil  nos próximos anos, devem contibuir para uma boa disposição dos gestores da Rheinmetall e dos investidores da empresa. A incerteza e o receio de uma guerra têm efeitos positivos para os negócios.   Parece que seja essa a opinião da maioria dos analistas e investidores. Nos últimos cinco anos, o preço das ações da Rheinmetall subiu de 35 a 110 Euros. Em 2017, aumentou 66%, muito mais do que as cotações des ações DAX (13 %) e MDAX (18%).

 

Breve retrato empresarial: As Fábricas Krupp e Thyssenkrupp AG, Essen

De Wolfgang Landgraeber e Bernhard Trautvetter

 

Nas décadas que precederam à 1ª Guerra Mundial, as fábricas Krupp ascenderam à posição do predominante fornecedor de armas do recém-constituído (1871) Império Alemão e possibilitaram-lhe de  chegar ao nível duma superpotência europeia. A partir dos meados do século XIX, a empresa situada em Essen, construiu artilharia pesada de aço, capaz de alcançar objectivos mais distantes e com mais exactidão do que os morteiros tradicionais de ferro ou de bronze. A „ Bertha Gorda”, um morteiro com um calibre de 42 centímetros tornou-se a mais famosa dos vários tipos de canhões.

 

As armas da Krupp venderam-se não só na Alemanha, mas também ao nível mundial, entre outros, no Império Otomano e na América Latina. Foram sobretudo as naves de guerra „Goeben” e „Breslau”, blindados por „Aço-Krupp” que obtiveram um papel central no Império Otomano: A „Goeben” catapultou a Turquia, ao lado da Alemanha, à 1ª Guerra Mundial. Ela transformou o Mar Negro praticamente num mar interior da Alemanha, bloqueando o acesso dos Russos ao Mediterrâneo. Em 1910, o Império Alemão vendeu a posterior „Torgud Reis” (a anterior „SMS Weißenburg”), um navio blindado da Marinha do Império, equipado por „Aço-Krupp” – ao Império Otomano.

 

Os canhões de aço destes navios militares também eram produtos da firma Krupp, tal como os canhões na Fortaleza dos Dardanelos, no estreito do Bósforo. „As artilharias eram da origem quase exclusiva alemã, e o transporte das peças ocorreu por via marítima – até meados de 1914. A instalação dos canhões pesados por especialistas alemãos exigiu enormes esforços. Algumas fortalezas construiram-se praticamente em volta das armas instaladas.

 

O Imperador Guilherme II encarregou o Coronel Colmar Barão von der Goltz com a função de negociar  a compra os canhões Krupp pelo Império Otomano. „O próprio Alfred Krupp considerou os diplomatas alemãos como vendedores dos seus produtos”. Já antes, von der Goltz tinha conseguido o fornecimento de grandes quantidades de espingardas Mauser ao Sultão. Sendo assim, ele conseguiu também de estabelecer um segundo monopólio no Império Otomano: Além de ser a distribuidora exclusiva de espingardas, a Alemanha tornou-se a única  fornecedora de canhões e artilharias – em detrimento dos produtores de armas ingleses e franceses, até então os líderes deste segmento do mercado.

 

Sob o reinado do Imperador Guilherme II, a empresa Krupp tornou-se na príncipal fabrica de armadilhas da Alemanha. Durante este tempo, a firma transformou-se num consórcio mundial. A produção de blindados para navios militares e o sucesso no negócio de artilharia e canhões fizeram da Krupp o maior consórcio europeo e o primeiro exportador de armas da Alemanha – já antes da 1ª Guerra Mundial. Na sede original dos Krupp, em Essen, a empresa empregava, já nessa altura, 40.000 trabalhadores.

 

Por causa da sua qualidade de membro do conselho administrativo da empresa industrial (1906) e, mais tarde, de presidente deste conselho, Gustav Georg Friedrich Maria Krupp von Bohlen und Halbach tem que ser considerado o príncipal responsável pela orientação estratégica dos negócios – com o Império Otomano, entre outros.

 

Após o casamento com Bertha Krupp, o Imperador Guilherme II declarou, que o casal devia ser chamado – no caso de Bertha ‚Krupp von Bohlen‘ e, no caso de Gustav  ‚Krupp von Bohlen und Halbach‘. A carreira dos Krupp mostra as interligações estreitas entre an entidades do Império e dos aparelhos do estado com as suas diversificadas interconexões com o sector industrial e com a casa Krupp. Em 1910 Gustav Krupp von Bohlen und Halbach inscreveu-se como membro da „Sociedade Imperador Guilherme“. Com o início da 1ª Guerra Mundial e sob a liderância dele, a empresa dedicou-se  ainda mais  à produção balística.

 

Fontes históricas sugerem a conclusão que a firma Krupp deve ter tido conhecimento das deportações e dos massacres da minoria armênia do Império Otomano: Como se pode verificar num comando de deportação, assinado em outubro de 1915 pelo Tenente-Coronel Böttrich, na sua função de chefe do sector dos caminhos de ferro da Administração de Transportes no „Grande Quartel-General” turco, o exército alemão estava envolvido na logística das deportações – este comando relacionou-se aos operários arménios nas obras do chamado „Ferroviário de Bagdade”. Já antes, este ferroviário serviu, tal como o Caminho de Ferro da Anatólia, como meio de transportar Arménios presos. (6) A firma Krupp estava envolvida, de forma directa, na construção do Ferroviário de Bagdade.

 

O historiador Jürgen Schäfer comprovou que a firma Krupp jogou um papel importante na escalada militar de países latino-americanos an viragem dos séculos XIX e XX. E mesmo a seguir à fusão com o consórcio de aço Thyssen e à transformação na „ThyssenKrupp AG” a Empresa continuou um dos mais importantes produtores e exportadores de armas – da Alemanha e da Europa.

 

Na sua página web, ThyssenKrupp apresenta-se come um consórcio industrial diversificado com o maior cargo na siderurgia – uma empresa com 500 filiais em 79 países e com mais do que 158.000 de empregados ao nível mundial.

 

 

Os tipos de armas que se forneceram e se utilizaram durante o genocídio dos Armênios

Türkiye, Mauser firmasının ürettiği Piyade Tüfeği M 90

Turquia, Espingarda da Infantaria M90 da Mauser

 

  • À altura da 1ª Guerra Mundial, o Império Otomano encontrava-se numa situação de armamento elevado: Perto de um milhão de espingardas, carabinas, metralhadorase pistolas da firma MAUSER de Oberndorf tal como milhares de canhões de artilharia da firma Krupp de Essen, contituiram a sua espinha dorsal armamentisto.
  • Na sua maioria, tanto os soldados do exécito regular como os paramilitares da „Gendarma” estavam armados com espingardas ou mosquetões, os oficiais com pistolas da firma Mauser.
  • No decorrer do processo da produção, a espingarda M/87 foi modificada várias vezes: Primeiro criou-se o M/89, depois o M/90. Trata-se de um rifle de repetição com repositório central, para cartuchos de pólvora nitrosa, do calibre de 7,65 mm. À base deste tipo de fuzil, desenvolveu-se um modelo de carabina com cano curto, fabricado especialmente para  a cavaleria.
  • Entre 1885 e 1912, a firma Krupp forneceu ao Império Otomano centenas de canhões terrestres, do modelo L 20, L 24, L 27, L 30 e L 50, de calibres de 7,5 e 8,7 cm - tal como canhões costeiras do tipo L 35 e KL 35, com calibres de 24 e 35 cm.  Também mandaram morteiros do tipo L 6,3 e L 6,4, com calibres de 12 a 21 cm. Adicionaram-se blindados para navios de guerra.

 

Fonte: Fahri Türk: A Indústria de Armamentos Alemã nos Negócios com a Turquia, entre 1871 e 1914, Frankfurt am Main, 2004

 

 

Destinatários das armas no Império Otomano:

 Forças armadas regulares turcas e unidades policiais („Gendarma”) do Império Otomano.

 

 

 

 

O Decorrer dos Massacres entre a População Armênia

 

Os massacres entre a população armênia no Império Otomano, ordenados pelo Sultão Abdülhamid II, funcionaram em diversas fases:

 

 1893/1894:   Homicídios em masse na Área de Sasun, na sequência de expedições punitivas, levadas a cabo por forças militares turcas, com objectivo de tributar impostos.

 1895:             Massacres nas aglomerações arménias na Anatólia, na sequência de protestos em Istambul, provocados por promessas de reformas, feitos pelo Sultão aos arménios

 1896:             Protestos em Van, aos quais se seguiram massacres entre os arménios, principalmente efectuados por bandidos curdos e partes da população muçulmana, e tolerados pelas forças militares aquarteladas na região.

 1915/16:        Deportações de mais do que um milhão de Arménios das suas aglomerações para o deserto da Síria, levadas a cabo pelo exército e a „gendarma” otomanos. No caminho para lá, dezenas de milhares de homens foram massacrados; as mulheres e crianças morreram de privações físicas, de fome ou de sede no deserto, onde foram abandonadas ao seu destino.

 

 

 

 

Violações dos Direitos Humanos no Caso dos Armênios

 

Homicídio por fuzilamento, por enforcamento, por decapitação, por inanição, por falta de água e por rejeição de assistência humanitária para com seres humanos em perigo de morte. Nunca antes durante a história civilizada da humandade, tinha se praticado um genocídio tão extensivo e sistemático como aquele que se cometeu contra o povo armênio, desencadeado pelas mais altas autoridades da administração do Sultão, e realizado ou pelo menos tolerado por cargos executivos das forças armadas e policiais.

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Perfis Criminais

 Breves Perfis Criminais do Lado Alemão:

 

·        Goltz, Barão Colmar von der; General-Marechal de Campo

*12 de Agosto de 1843, em Adlig Bielkenfeld, †19 de Abril de 1916, em Bagdade; General do Exército Prussiano, Autor e Historiador Militar

 

Colmar Barão von der Goltz, General-Marechal de Campo

 

A partir de 1883, Goltz era conselheiro militar na corte otomana. Tem uma considerável co-responsabilidade pelo genocídio dos Armênios por lado do governo jovem-turco. Goltz tornou-se praticamente o representante comercial das firmas Krupp e Mauser; durante a sua estadia em Istambul, ele promoveu a compra tanto de canhões e sistemas de artilharia como de espingardas e carabinas, no valor de centenas de milhões de marcos (em ouro).

 

·         Krupp von Bohlen und Halbach, Gustav Georg Friedrich Maria

 *07 de Agosto de 1870, em Haia, †16 de Janeiro de 1950, em Salzburgo

 

 

A seguir da sua licenciatura em Direito, incorporou no serviço diplomático do Império Alemão. Através do seu casamento com Bertha Krupp, em 1906, passou a ser membro do conselho administrativo da empresa Friedrich Krupp AG, em 1909 tornou-se presidente deste conselho. Em 1910 inscreveu-se na Sociedade Imperador Guilherme. Durante a 1ª Guerra Mundial e sob a liderância dele, a empresa dedicou-se quase exclusivamente  à produção balística. Krupp era um dos líderes económicos acusados por crimes de Guerra, a seguir da 2ª Guerra Mundial. No entanto, o processo foi suspendido - por motivos de saúde.

 

 

 

·        Loewe, Isidor; Gerente das firmas Ludwig Loewe & Co e das fábricas Mauser

 

*24 de Novembro de 1848 ,em Heiligenstadt; †28 de Agosto de 1910, em Berlim

 

 

Após a morte do seu irmão Ludwig, em 1886, Paul Loewe assumiu a gerência da empresa Ludwig Loewe Co, onde se produziram, entre ourtos, armas de pequeno calibre e munição. Em 1887,  transformou a firma numa sociedade anónima e comprou ações das fábricas Mauser, no valor de dois milhões de Marcos. Subiu também à direcção  de conselho administratvo da Mauser. No mesmo ano, recebeu uma encomenda da Tuquia para fornecer 500.000 espingardas da Mauser. A partir de 1889, Isidor Loewe controlou toda a indústria de armamento na Alemanha – excepto a das fábricas Krupp. Durante a 1ª Guerra Mundial a espingarda M/98 passo a ser a arma-padrão do exército alemão – com consideráveis aumentos de lucros.

 

 

 

·        Mauser, Paul, Construtor de Armas das Fábricas Mauser e Político

 

*27 de Junho de 1838, em Oberndorf; †29 de Maio de 1914, em Oberndorf

 

 

O engenheiro que, em 1912 foi condecorado  com um título de nobreza, teve a honra de poder apresentar pessoalmente os seus produtos mais sofisticados ao Sultão Otomano. Em Fevereiro de 1887, o Ministério de Guerra do Império Otomano e um consórcio de companhias alemãs, constituido pelas empresas Mauser e Ludwig Loewe & Co. KG, assinaram um contrato que agendou o fornecimento de 500.000 espingardas do modelo M/87 e de 50.000 carabinas do mesmo tipo. Seguiram-se mais encomendas à grande escala.

 

Mais:

 ·         Bethmann-Hollweg, Theobald von; Chanceler do Império Alemão, Autorizador de Exportações de Armas.

 ·         Guilherme II da Prússia, Imperador, Autorizador de Exportações de Armas.

 

Irmãos de armas – unidos na luta:

O Imperador (alemão) Guilherme II, o Sultão Mehmet V,

o Imperador (austríaco) Francisco José I.

 

 

 

Autores Turcos da Infracção:

  • Abdülhamid II, Sultão
  • Mehmed V, Sultão
  • Pascha, Enver, Minístro de Guerra
  • Pascha, Talaat, Minístro do Interior e Chefe da Polícia

Mais índices: Versão Completa do Texto

 

 

 

Vítimas:

Cerca de 1,2 Milhões de homens, mulheres e crianças morreram durante o genocídio contra o povo Armênio e outras minorias cristãs nos anos de 1896 a 1916.

 

 

 

A actual aplicação de armas de guerra alemãs contra os curdos na Turquia e na Síria

De: Helmut Lohrer

 

Já 100 anos atras, as firmas alemãs Mauser e Krupp ganharam fortunas com a exportação de espingardas e canhões para o então Império Otomano. Essas armas foram utilizadas não só na 1ª Guerra Mundial, mas também nos massacres entre a população arménia. As exportações foram - pelo lado do Estado - explicitamente aprovadas e promovidas;  o General-Marechal-de-Campo alemão, Colmar Barão von der Goltz, assumiu o papel do intermediário do negócio  - como se pode verificar na página web da REDE GLOBAL – FIM AO TRÁFICO DE ARMAS (GN-STAT), no dossier „Caso 01”.

 

Até hoje continua a existir esta triste prática de, sob o disfarce de defender interesses públicos nacionais e contra qualquer objecção jurídica ou ética, vender e transferir armas para zonas de conflitos. Como caso paradigmático pode-se considerar a exportação de milhares e milhares de espingardas de assalto do tipo G 36 da firma Heckler & Koch para México, tal como a transferência autorizada de oito barcos de patrulha dos estaleiros Lürssen para a Arábia Saudita – prevista para o ano de 2018. A firma alemã Rheinmetall também mantem negócios com a Arábia Saudita: Em evasão às diretrices nacionais, fornece-lhe bombas e munição – através da RWA Itália, a sua empresa subsidária na Itália e atravé do Joint Venture com a firma Danel, na África du Sul (Rheinmetall Denel Munitions, RDM). Estas armas utilizam-se na guerra contrária ao direito internacional, no Iemen.

 

Até hoje, a Turquia – um estádo parceiro da NATO – continua adquirente de produtos alemãos de utilização dupla (dual use), de material de armamento e de armas de guerra. Há décadas que veículos blindados e armas ligeiras, fornecidos pela Alemanha, se utilizam na luta contra os curdos, no Sudeste da Turquia. As armas - entre elas a espingarda de assalto G 3 e a pístola metralhadora MP5, produzida com a licença alemã na MKEK em Ankara – não servem exclusivamente para combater os militantes do PKK, partido proíbido na Turquia. Sabendo que se trata apenas de uma versão oficial, e desrespeitando este facto, os diversos goveros alemães continuaram a autorizar as exportações de viaturas militares, armas ligeiras e tanques. Isso significa uma evidente infracção das diretrices alemãs de exportações.

 

Em princípios do ano 2018, a situação agravou consideravelmente: Sob violação do direito internacional  -  assim a opinião unísona dos partidos presentes no Bundestag da Alemanha – a Turquia invadiu a Síria e conseguiu, através duma ofensiva brutal, ocupar a cidade de Afrin, maioritáriamente habitada por curdos. Segundo declarações do governo turco, nos ataques se utilizaram tanques Leopard 2, fabricados nas empresas Krauss-Maffei-Wegmann e Rheinmetall.  E muito embora a chancelera Merkel, na sua declaração governamental, condenasse o ataque à cidade curda de Afrin, prosseguiram as transferênçias de armas par a Turquia. Isso revela-se tanto na resposta do Ministério de Economia à solicitação do deputado vos Verdes, Ómid Nouripour, como na resposta do governo alemão à solicitação do grupo parlamentar do Partido Esquerdo.

 

Desde o dia 20 de Janeiro de 2018, o início da ofensiva turca, cinicamente chamada „Operação Rama da Oliveira”, o governo alemão autorisou, portanto, exportações de armas num valor de 4 milhões de Euros. Com o equipamento deve-se. Entre outros, aumentar a capacidade dos sistemas de armamentos de acertar no alvo

 

Então tudi fica na mesma: O negócio está em cima do moral. E embora a Alemanha ratificasse o respectivo acordo da ONU que proibe explicitamente esta forma de tráfico de armas, nem a legislação alemã nem a legislação internacional impedem o governo federal da autorizar transferências de armas que chegam a ser utilizadas numa guerra contrária ao Direito Internacional.

 

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Dados selecionados acerca dos Autores

 

 

Autor  de „Caso 01”, o genocídio contra o povo armênio

 

Wolfgang Landgraeber trabalhava, desde fins dos anos 1960 até meados dos anos 1990, como redactor dos programas políticos da ARD, „Monitor” e „Panorama”, sendo um dos prestigiados jornalistas investigativos na TV pública da Alemanha. Desde 1979 produziu cerca de 30 documentários, reportagens e e documentações da TV – filmes de diferentes tópicos que receberam numerosos prémios em festivais nacionais e internacionais.  O que têm em comum é uma visão crítica sobre a política interna e externa da República Federal da Alemanha, sobre os seus representantes e sobre a sua história. Neste contexto, os tópicos „militarismo” e „exportações de armas” pertencem aos seus temas prioritários. De 2001 a 2012, Landgraeber era chefe da redacção programatica „Documentações, Cultura, História e Sciência” na WDR. Desde 2013, trabalha em Munique, como docente e autor independente de documentários.

 

Autor de „Rheinmetall”  

 

Otfried Nassauer (*1956) é jornalista independente e director do Centro de Informação da Segurânça Transatlántica, em Berlim. É autor de reportagens publicadas em programas de TV (Monitor, Panorama, Frontal 21), de rádio (p. ex.: Forças Militares e Estrategias, SWR 2, WDR 5) em jornais e revistas (Spiegel, Tagesspiegel, TAZ, Frankfurter Rundschau, Loyal etc.) e em online-media (Spiegel online, The European). A maioria das publicações está acessível na internet.

 

Autor de „Krupp”

 

Bernhard Trautvetter é activista pela paz. É um dos porta-vozes do „Forum pela Paz” em Essen e faz parte de várias entidades de participação cívica, p. ex. no sindicato de professores, numa aliança antifascista (VVN), na comissão da paz „Friedensratschlag”. É autor de várias publicações em favor da paz e duma pedagogia pacífica,  além disso é inicador e motor de muitas iniciativas, ações e conferências anti-militaristas. Na região de Essen,Trautvetter é um conhecido crítico do actual desenvolvimento militar-industrial daquela área que durante as duas Guerras Mundiais obteve a duvidosa fama de ser a espingardeira da Alemanha.

 

Bernhard Trautvetter recebeu o Prémio da Paz da cidade de Düsseldorf , em 2018.

 

Autor de „Armas Alemãs contra os Curdos”

 

Dr. Helmut Lohrer (*1963) é médico de medicina geral em Villingen-Schwenningen. Antes de absolver um curso universitário de medicina, trabalhava como professor nos Camarões, durante dois anos. Já durante os seus estudos, começou a ser activista da IPPNW, uma organização internacional de médicos. Desempenha a função de „Chanceler Internacional” na secção alemã desta IPPNW, além disso é membro eleito da presidência internacional da aliança. Organizou, entre outros, um congresso sobre armas de pequeno calibre, titulado „O Ser Humano como Alvo”. Neste congresso participaram 300 médicos, scientistas e activistas de paz e desarmamento.

 

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